15 de março de 2008

Congonhas voltará a ter conexões


A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou que, a partir de amanhã, entra em vigor a permissão para que o Aeroporto de Congonhas volte a operar com escalas e conexões, proibidas desde julho do ano passado. A Anac avisou que isso não implicará alteração no número de pousos e decolagens permitido para o aeroporto - ficarão 30 slots por hora para a aviação comercial e 4 para a aviação geral. O Aeroporto de Congonhas poderá ainda voltar a receber vôos charters, mas apenas nos fins de semana.

A agência também anunciou que, a partir do dia 24, quando entra em vigor a nova malha aérea, da baixa estação, as empresas aéreas serão obrigadas a manter as aeronaves por pelo menos 30 minutos em solo entre os vôos. De acordo com a agência, todas as companhias aéreas subestimam o tempo de solo, principalmente em vôos de conexão em horários de pico.

A obrigação de manter um tempo mínimo de solo foi a forma encontrada pela Anac para elevar a pontualidade no setor, enquanto não dispõe de instrumentos legais para multar as companhias pelos atrasos. A Anac quer poder punir os atrasos superiores a uma hora. Pelas regras atuais, as companhias só têm obrigação de prestar assistência aos passageiros, com alimentação e, se for o caso, acomodação, quatro horas depois do horário do vôo. As novas regras deverão ser estabelecidas por meio de resoluções do Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac).

O que se espera do órgão regulador são atitudes ponderadas e racionais, e não tomar decisões a toque de caixa como foi a de proibir, a partir de julho do ano passado, conexões em Congonhas, desmontando assim, um hub-and- spoke, ou seja, um aeroporto principal (hub) onde ocorrem as conexões dos vôos que chegam com os muitos vôos que partem para outros destinos (spokes) nas pontas da malha aérea de uma companhia. Os hubs são muito importantes, pois possibilitam às companhias aéreas aumentar o número de frequências e cidades servidas, maximizando assim o uso dos seus caríssimos aviões. Desse modo, quantos mais destinos servir, melhor será um hub. Atualmente, toda companhia aérea lucrativa opera pelo menos um hub importante. Um dos motivos da diminuição dos preços das passagens e consequente explosão da demanda no Brasil foi o estabelecimento e operação eficiente, ao longo dos últimos anos, de dois hubs principais: Guarulhos e Congonhas, principalmente pelas duas maiores companhias, Tam e Gol. Foi esse aumento no número de frequências e localidades servidas (crescimento da oferta), só possíveis pelo estabelecimento de um hub, que possibilitaram, em boa parte, o barateamento das passagens.

Agora, a agência volta atrás e libera conexões e escalas em Congonhas. E os custos a mais gerados para as companhias aéreas pelo desmantelamento, realizado por completa incompetência da Anac, de um dos principais hubs do país? Será que as companhias serão reembolsadas pelos prejuízos resultantes da medida estapafúrdia de proibir conexões e escalas em Congonhas?

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