17 de outubro de 2010

Porto Seco de Londrina faz primeira importação de aeronaves

O Terminal de Cargas Alfandegárias (TECA), mais conhecido como Porto Seco, de Londrina, realizou a primeira importação de aviões, totalizando um valor de US$ 1,9 milhão. Foram duas aeronaves, um bimotor (US$ 1,5 milhão) e um monomotor (US$ 400 mil) para clientes de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Um dos aviões foi para um fazendeiro e o outro para uma empresa de táxi aéreo.Os aviões pousaram no aeroporto de Londrina na semana passada. Segundo Ana Flávia Pigozzo, despachante aduaneira, trata-se de uma importação normal, como qualquer mercadoria. A diferença é que vieram por meios próprios, ou seja, voando.

As duas aeronaves foram importadas dos Estados Unidos pela Viaer, empresa de Londrina que antes utilizava terminais de São Paulo e Foz do Iguaçu. Essa empresa já importou ao Brasil 80 aeronaves. Está prevista a importação de mais 5 aeronaves até o fim do ano. Além de aeronaves, já existe a intenção de importar peças e equipamentos aeronáuticos.


Economia de valor e tempo

Segundo Celso Iombriller, da Viaer, com a instalação do terminal de cargas em Londrina, há uma economia tanto de tempo quanto de valores monetários. São cerca de 2 mil dólares por aeronave. Porém, a maior economia está mesmo no tempo: antes, levavam-se dez dias para completar o processo de importação e, atualmente, isso ocorre em apenas um dia. Essa agilidade ocorre pelo fato de não precisar deslocar para outro aeroporto para fazer  o desembaraço aduaneiro.

Fonte: Jornal de Londrina. p.12. Edição de 17/10/2010.

Foto: Boeing 737-800 (Matrícula PR-GTU) da Gol, em Londrina.


29 de agosto de 2010

Estrangeiro poderá ter 100% de empresa aérea brasileira



Saiu na Folha de S. Paulo de hoje, 29 de agosto, sobre o projeto de lei que amplia a participação de estrangeiros no setor.

A principal novidade é que o projeto, o qual já passou por comissões e aguarda votação na Câmara dos Deputados, permite que estrangeiros detenham 100% de uma empresa aérea nacional, desde que exista reciprocidade.

Dessa maneira, Tam e Lan poderão ficar mais à vontade e transparentes com relação à participação de cada uma na nova empresa aérea denominada Latam, não precisando de uma engenharia financeira  inédita para demonstrar que a Tam continuaria sob o controle de brasileiros.

Atualmente, estrangeiros só podem ter 20% de uma empresa aérea brasileira. De autoria do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o projeto aumenta essa participação para 49%.Porém, um parágrafo menos conhecido do mesmo projeto prevê que o Brasil faça acordos bilaterais que permitam, mediante reciprocidade, que a participação estrangeira chegue a 100%.

Segundo a Folha apurou, o parágrafo foi incluído por pressão do Ministério da Defesa.
O Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) defende os 49%, mas é contra permitir que estrangeiros detenham o controle."Se você permite isso, amanhã a Solange [Vieira, presidente da Anac] faz acordos bilaterais com todos os países", diz José Márcio Mollo, presidente do sindicato.

Um dos argumentos usados para justificar a proteção é a soberania nacional. Sobretudo entre militares, acredita-se que o Brasil não deve depender de estrangeiros para se conectar com o mundo.No caso do Chile, há sinais, no entanto, de que um eventual acordo bilateral poderá contar com a simpatia militar. Sinais surgiram com a visita do ministro Nelson Jobim (Defesa) a Santiago na terça da semana passada.Na ocasião, Brasil e Chile celebraram um acordo para viabilizar a construção do cargueiro KC-390, um projeto da Embraer em parceria com a Força Aérea. Jobim foi recebido pelo presidente chileno, Sebastián Piñera, que, até vencer as eleições, neste ano, era acionista da LAN.

Para Respício do Espírito Santo, professor de transporte aéreo da UFRJ, o argumento da soberania nacional não mais se justifica. "Quer algo mais estratégico do que telefonia e energia, setores em que não há restrição ao capital estrangeiro?"

A economista Lúcia Helena Salgado, do Ipea, também defende a liberação. "Precisamos de investimento, oferta e concorrência, e não há razão técnica para discriminar o capital estrangeiro, salvo a situação em que o capital brasileiro seja discriminado", ressalta.

Para Jorge Medeiros, professor da Escola Politécnica da USP, o Brasil já permite, na prática, que estrangeiros controlem o setor. "A lei, do jeito que está, não garante a soberania nacional", diz. "A cargueira ABSA tem 80% de capital nacional, mas todos sabem que é da LAN. A Varig foi comprada por um fundo americano. E agora temos a LAN comprando a TAM."

Pelo jeito, o lobby foi intenso no Ministério da Defesa e no Congresso pela inserção  do referido parágrafo que aumenta para 100% a participação estrangeira nas companhias aéreas brasileiras, viabilizando, desse modo, a compra da Tam pela Lan. 

Fica evidente, diante das últimas notícias, de que não se trata de "combinação" coisa nenhuma, e sim da compra da brasileira Tam pela eficiente empresa aérea Lan, do Chile.


Fonte: Folha de S.Paulo. Caderno Mercado. Pag.B10. 29 de agosto de 2010.

15 de agosto de 2010

TAM e LAN anunciam fusão


  A brasileira TAM e a chilena LAN, anunciaram, no último dia 13, um acordo que criará uma gigante aérea da América Latina, com um faturamento total de US$ 9,2 bilhões. As duas empresas, conjuntamente, voam para 115 destinos em 23 países, somando 40 mil funcionários.
As duas empresas assinaram um memorando prevendo a fusão dos grupos sob nova holding batizada de Latam Airlines Group. A participação acionária da Latam não foi divulgada. Porém, conforme alguns jornais de grande circulação apuraram, a LAN ficará com 70,6% da Latam, e a TAM com 29,3%. Apesar da TAM ser maior do que a LAN em receita, a chilena possui mais ações em circulação e um valor de mercado maior. Mas, os acionistas controladores da TAM, a família Amaro, por meio da TEP (TAM Empreendimentos e Participações), manterão o controle da aérea TAM, com 80% do capital votante e mais uma participação não divulgada na LAN. Já a família Cueto, controladora da LAN, manterá o controle da LAN, além de deter 20% da TAM. Atualmente, a legislação brasileira permite uma participação estrangeira de no máximo 20% nas empresas aéreas brasileiras. O Congresso deve votar, ainda neste ano, a ampliação do limite para 49%.
 Por meio de um comunicado, as companhias informaram que será criado “um modelo de governança único que gerenciará todas as decisões estratégicas relacionadas à coordenação e alinhamento de atividades das holdings do grupo Latam”.
Maurício Rolim Amaro, atual vice-presidente do Conselho de Administração da TAM, será o presidente do Conselho da Latam. Enrique Cueto, atual CEO da LAN, será o CEO da Latam. A intenção é manter as bandeiras TAM e LAN separadamente. A expectativa é que a fusão das operações tragam uma economia de US$ 400 milhões.
Faturamento das aéreas. Vendas no 1º semestre de cada ano, em US$ bilhão:
Companhia
País
Receita 2009
Receita 2010
Variação %
Ual Corp.
EUA
7,709
9,402
21,96
Southwest
EUA
4,972
5,798
16,61
Tam
Brasil
2,529
2,894
14,43
Gol
Brasil
1,484
1,843
24,19
Lan
Chile
1,604
1,607
0,19
Fonte:Economática
 Conforme a tabela acima, percebe-se que a Gol foi a que apresentou o maior crescimento da receita no primeiro semestre de 2010 quando comparado ao mesmo período de 2009, ou seja, um crescimento de 24,19%. Observa-se também, a partir da referida tabela, que TAM e LAN possuem juntas uma receita de US$ 4,5 bilhões, no primeiro semestre de 2010. Isso demonstra a importância desse novo grupo na América Latina e no mundo. Ou seja, 2,44 vezes a receita da Gol, no mesmo período.
A LAN, fundada em 1929, possui 97 aeronaves e um faturamento, em 2009, de US$ 3,519 bilhões. Já a TAM, fundada em 1961, possui 143 aeronaves, e um faturamento, em 2009, de US$ 5,685 bilhões, ou seja, juntas, seria um faturamento de US$ 9,2 bilhões.
Assim, pode-se verificar que essa fusão visa conter o avanço da Gol na América do Sul, uma vez que a Gol está recebendo muitos aviões e expandindo suas operações para Lima, Santiago, Buenos Aires, ou seja, incomodando muito a Lan. Essa operação também cria um gigante na área de cargas, já que a Lan é muito forte nesse segmento. A companhia chilena possui 20% da empresa de cargas Absa, sediada no Brasil, ou seja, possui uma influência significativa sobre a investida brasileira.
A TAM fechará o capital e irá fazer uma oferta pública para os acionistas minoritários trocarem suas ações pelos papéis da nova empresa, que será chamada LATAM Airlines. Esses papéis serão negociados na BM&FBovespa sob a forma de BDR (Brazilian Depositary Receipts), observada a seguinte relação de troca: cada ação da TAM corresponderá a 0,90 ação/BDR da LAN. Conforme melhor explicado pelo fato relevante divulgado pela TAM, cada ação preferencial sem direito a voto e cada ação ordinária com direito a voto de emissão da TAM, equivalerá a 0,90 de ação ordinária com direito a voto de emissão da LAN, em forma de BDRs. Destaca-se que a relação de troca das ações da TAM por ações em forma de BDRs da LAN, será igual para o Acionista Controlador TAM e para os outros acionistas que não fazem parte do grupo de controle, de forma a garantir o tratamento igualitário dos acionistas.
Especula-se, no mercado, que a Gol estaria estudando uma fusão com a Copa Airlines ou com a Avianca. Porém, a mesma já se pronunciou, na imprensa, que não pretende vender parte da companhia, mas aumentar os negócios na Bolsa, conforme informado pelo vice-presidente de Planejamento Estratégico e Finanças da Gol, Leonardo Pereira.
Vamos aguardar as repercussões desse mais novo movimento estratégico das peças do xadrez da aviação latino-americana.

21 de julho de 2010

Azul anuncia compra de 20 ATR 72-600


Agora é oficial. A Azul anunciou nesta terça, 20, a aquisição de 20 aeronaves ATR 72-600, com opção para mais 20, com valor total de US$ 850 milhões, caso as unidades opcionais sejam adquiridas futuramente. Esse aviões começarão a ser entregues no segundo semestre do próximo ano e serão usados como alimentadores dos voos que partem de Viracopos. O plano da empresa é, basicamente, ligar o interior paulista a Viracopos e, num segundo momento, compor hubs (centros de chegadas e partidas de voos) em Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba para atender cidades das respectivas regiões.

Os ATR 72-600 são ideais para operação em pistas curtas e, assim, a companhia poderá atender a uma demanda reprimida no interior dos estados do Sul e Sudeste, com cidades que possuem aeroportos pequenos, porém com grande necessidade de voos convenientes para os grandes centros do país.

Como a Pantanal ficou parada, mesmo depois de ter sido comprada pela TAM, a Azul agiu rápido e irá abocanhar esse potencial mercado formado por importantes cidades do interior das regiões Sul e Sudeste.

Comprova-se ai, um erro de estratégia da TAM por não ter mantido uma frota alimentadora das suas principais linhas. Foi preciso um norte-americano, nascido no Brasil, o qual obteve um know-how incrível na aviação comercial nos Estados Unidos e Canadá, para enxergar, junto com sua equipe, diga-se de passagem, esse pontencial (e abandonado) segmento do mercado aéreo brasileiro. Mesmo tendo comprado a Pantanal há pouco tempo, a Tam ainda não tomou uma decisão a respeito. A compra da Pantanal deveria ter acontecido bem antes, pois fazia tempo que a mesma passava por uma crise financeira.

Qual será a reação da TAM? E da Trip, que agora, de fato, ganha um concorrente direto? E a Passaredo, sediada em Ribeirão Preto, como reagirá? Eu só espero que essas empresas reajam ou então veremos a dominação de um importante segmento da aviação comercial por aquela que nasceu como a mais capitalizada da história (com muitos, mas muitos dólares mesmo) e uma enorme vontade (e capacidade) de lucrar. Caso as demais companhias reajam, desde que seja uma concorrência saudável, será ótimo para o mercado como um todo.

Fonte: PanRotas; AgênciaEstado.
Foto:Jetsite.Disponível em:www. jetsite.com.br

17 de julho de 2010

Azul anunciará encomenda de turboélices ATR 72




A Azul Linhas Aéreas irá anunciar, na próxima terça, 20, a encomenda de aviões turboélices ATR 72-600 para 68 passageiros, para complementar sua frota de 18 jatos E 190 e E 195, da Embraer. Trata-se do modelo mais recente desse incrível e moderno turboélice, o qual obteve sucesso absoluto operando em companhias aéreas regionais de todo o mundo. O número exato de ATR ainda será divulgado, mas já se especula entre 15 e 20 aeronaves. O preço de cada ATR será em torno de US$ 20 milhões, enquanto o jato E 170 da Embraer, também para cerca de 70 passageiros, custa algo em torno de US$ 33,4 milhões. O ATR é ideal para distâncias de até 500 km, e o mesmo possui um consumo de combustível um terço menor do que o E 170. Além disso, o turboélice poderá operar em aeroportos com pistas menores.



Observa-se, com esse movimento estratégico, que a Azul enxergou possibilidades excelentes em atender cidades de médio porte, principalmente do interior de São Paulo, criando um verdadeiro hub em Viracopos, o qual será alimentado com vôos vindos do interior paulista, dando opções para o passageiro do interior embarcar de Viracopos para os demais destinos da Azul operados com os jatos da Embraer.

Como a Pantanal permaneceu praticamente estagnada nos últimos anos, tendo inclusive reduzido suas operações mais recentemente, o rico interior de São Paulo ficou sem opções de ligações aéreas convenientes. Também não se pode deixar de observar outras possibilidades nos demais estados das regiões sul e sudeste, como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e até mesmo Minas Gerais.

Dessa forma, pode-se dizer que a Trip ganhou, definitivamente, uma concorrente de peso, mas pelo jeito, essa última está bem preparada, haja vista seu sócio de peso, a gigante norte-americana de transportes aéreos regionais, Skywest Airlines, a qual possui 20% da Trip.

E as novidades no mercado não param por ai. Na próxima semana, na feira de aviação de Farnborough, na Inglaterra, a Trip também anunciará uma nova encomenda de jatos Embraer. Assim, observa-se um aumento na concorrência no mercado de aviação no Brasil, reflexo do forte crescimento da demanda nos últimos anos.

Isso é ótimo para o setor aéreo como um todo, pois gerará mais riqueza para o país, a começar pela contratação de mais pilotos, comissários e mecânicos, e outros cargos tão importantes para uma companhia aérea.

Bem, pelo que se nota, os empreendedores desse setor estão fazendo a sua parte, agora só falta o governo fazer a sua, ou seja, cuidando da infra-estrutura dos aeroportos. A Infraero e outros órgãos de administração aeroportuária precisam se agilizar, pois a infra-estrutura está ficando aquém do crescimento da demanda. Nos últimos dez anos, a Infraero se preocupou mais em fazer aeroshoppings do que obras e ampliações nas pistas e pátios e, agora, está aí o resultado...

Fonte: Folha de S. Paulo. Mercado, 16 de julho de 2010.


19 de junho de 2010

Passaredo ganha prêmio internacional de design de marca


A Passaredo foi premiada no Worldwide Logo Design Annual (Wolda 09 Awards), maior prêmio internacional de design de marcas que valoriza trabalhos produzidos no mundo. A companhia ficou em 2º lugar entre as marcas brasileiras desenvolvidas em 2009 e figurou entre as 50 melhores no ranking mundial. Ao todo, foram mais de 1,8 mil logotipos inscritos por diversos escritórios e agências de design.

O logotipo da empresa foi desenvolvido pela consultoria de marcas Commgroup Branding, no final de 2008, quando a empresa passou por algumas reestruturações e adquiriu seus primeiros jatos Embraer ERJ145.


Realmente, esse novo logotipo ficou muito bonito. Essas duas cores ficaram muito bem, passando uma imagem de modernidade à companhia, combinando assim, com a beleza das linhas do jato ERJ-145.

Parabéns à Passaredo. Desejamos muito sucesso nessa sua nova etapa de crescimento e consolidação dos seus serviços na aviação comercial brasileira.

Fonte: Panrotas.

4 de junho de 2010

Estudo do IPEA: Aviação regional brasileira começa a crescer


















Estudo do Ipea aponta o desenvolvimento econômico das cidades médias como gerador de oportunidades para o setor aéreo no País

O Brasil tem registrado grandes taxas de crescimento no mercado de transporte aéreo. Em 2009, quando vários setores sofreram os efeitos da crise internacional, o número de passageiros cresceu a taxas de dois dígitos no segundo semestre. Trata-se, portanto, de um setor com inúmeras oportunidades em um horizonte que se estende além dos eventos da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olimpímpicos de 2016.

As oportunidades e os obstáculos para o progresso da infraestrutura aérea foram analisados no Comunicado do Ipea nº 54, Panorama e perspectivas para o transporte aéreo no Brasil no mundo, divulgado nesta segunda-feira, 31, em Brasília. O estudo faz parte da série Eixos do Desenvolvimento Brasileiro, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

O Comunicado sugere, entre outras políticas para o setor, a abertura do capital da Infraero que permitiria à empresa captar recursos no mercado e, assim, ter maior capacidade de investimento. Segundo o estudo, apesar de a Infraero fazer investimentos, a distribuição de seus recursos não corresponde à necessidade da demanda. Os recursos dos aeroportos rentáveis que ela administra são redistribuídos dispersivamente para aeroportos que não têm autonomia financeira para continuar funcionando.

"Não se pode vislumbrar soluções baseadas exclusivamente em recursos públicos", afirma o documento, depois de ressaltar os avanços necessários para atender ao crescimento da aviação regional, cujas infraestruturas, tanto aeroportuária quanto aeronáutica, são precárias em cidades que polarizam economias regionais e estão em pleno desenvolvimento. Trata-se, de acordo com o estudo, "de gerar um ambiente de estabilidade institucional, segurança jurídica e estímulo aos investimentos privados, de forma a ampliar a abrangência de concessões e de viabilizar as parcerias público-privadas".
Expansão
Como um dos aspectos positivos, o Comunicado identifica o crescimento da aviação regional brasileira, já com métodos mais modernos de gestão. "Essa consolidação é causa e consequência também do desenvolvimento econômico das cidades médias e dos centros regionais do País. Conta ainda com a colaboração das dimensões continentais do Brasil para sempre se valer da condição de ser um transporte imprescindível", destaca o documento.

"O Ipea levantou algumas condições para orientar decisões do governo sobre a política setorial", ponderou o coordenador de Infraestrutura Econômica do Instituto, Carlos Campos. "Também existe a possibilidade de passar para o setor privado investimentos que são mais rentáveis, e a Infraero continuaria administrando, com ajuda do orçamento fiscal, os demais aeroportos que não têm alternativa financeira", explicou Campos. Ele apresentou mais duas alternativas ao setor privado: permitir o ingresso nos aeroportos públicos fazendo investimentos por meio de concessão ou de parceria público-privada, ou permitir que invista em novos aeroportos.

O estudo indica que dez aeroportos - de Natal (RN), Pampulha (MG), Confins (MG), Santos Dumont (RJ), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Manaus (AM), Brasília (DF), Congonhas (SP) e Guarulhos (SP) - estão operando no limite e com uma demanda reprimida que não é atendida. Em todos eles existem pedidos de pouso e decolagem maiores que a capacidade do aeroporto. Manaus, segundo Campos, é um caso específico de transporte de cargas. "As indústrias de televisores tiveram de reprogramar suas estruturas produtivas devido ao sistema deficitário de transporte de carga aérea", explicou. Em Natal, onde há problemas de transporte de passageiros, ele lembrou que está sendo construído um novo aeroporto.
Nova organização
De 2003 até hoje, a demanda do setor aéreo tem crescido significativamente acima do Produto Interno Bruto (PIB). Embora aponte uma escassez de investimentos em relação ao crescimento da demanda por serviço aéreo, o estudo do Ipea conclui que este é um setor que cresce vertiginosamente e que precisa de uma nova organização institucional, diferente daquela pautada pela realidade do País e do mundo antes da globalização.

Em praticamente todas as grandes metrópoles dos países desenvolvidos os aeroportos sofrem de congestionamentos, e hoje existem transportes alternativos. "No Brasil, nós também já temos isso no que se chama terminal São Paulo, que engloba Viracopos, Cumbica e Congonhas. Isso necessita de investimentos, de novas tecnologias de controle do tráfego aéreo, e nós inevitavelmente vamos caminhar para isso", justificou o consultor e especialista do Ipea Josef Barat, que participou do estudo.

Questionado sobre o risco de colapso no setor, e de ocorrerem problemas sérios durantes os eventos da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, Barat respondeu que "tomadas as precauções, as medidas no tempo certo, os problemas podem ser corrigidos em curto e médio prazos".

O documento do Ipea afirma que não se trata mais de discutir os períodos de forte intervenção estatal com os de ampla liberalização, mas sim de dar ao mercado e à cadeia produtiva um respaldo de planejamento de longo prazo, formulação de políticas públicas consistentes, ação reguladora competente e confiável, bem como segurança jurídica aos atores envolvidos.

Apresentaram o Comunicado, em Brasília, o diretor de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura, Marcio Wohlers; o coordenador de Infraestrutura Econômica, Carlos Campos; o coordenador de Desenvolvimento Urbano, Bolívar Pêgo; e o assistente de pesquisa do Programa Nacional de Pós Doutorado (PNPD) Josef Barat.


Fonte: IPEA. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/default.jsp
Foto: ATR 42 da Trip em Londrina.Disponível em: http://www.jetsite.com.br/2008_v35/Galeria.aspx?getBy=0