17 de maio de 2008

Aviação regional: Novas oportunidades de crescimento


Nos últimos meses, cidades importantes do interior deixaram de ser atendidas pela Gol ou pela Tam. Em abril, a Tam deixou de operar em Maringá. Segundo o superintendente do aeroporto de Maringá (administrado por uma empresa do município), Marcos Valêncio, a Tam atendia uma média de 4,5 mil passageiros ao mês, ou seja, um atrativo para qualquer companhia. Aproveitando essa oportunidade, a Trip, uma semana após, anunciou a inauguração de um vôo ligando Maringá a Guarulhos e não descarta a possibilidade de iniciar novos vôos a partir de Maringá.


Já a partir de 25 de março, foi a vez da Gol deixar de operar para São José do Rio Preto e Ribeirão Preto. Dessa forma, a Tam vai atuar sozinha em Rio Preto, pois em Ribeirão Preto tem a Passaredo, que, a partir daquela cidade, realiza vôos para 13 destinos.


São José dos Campos, outra importante cidade, ficará sem vôos da Gol e da OceanAir (A Gol encerrá seus vôos a partir do próximo dia 27, e a OceanAir, a partir do dia 19). Desse modo, os moradores de São José dos Campos que precisam viajar de avião têm que ir até o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, a cerca de 75 Km, para pegar um vôo comercial.



Ao todo, a OceanAir deixará de operar, segundo comunicado entregue na semana passada para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), para 16 cidades: Araçatuba (SP), Cascavel (PR), Campos dos Goytacazes (RJ), Foz do Iguaçu (PR), Goiânia (GO), Juiz de Fora (BH), João Pessoa (PB), Juazeiro do Norte (CE), Macaé (RJ), Maceió (AL), Natal (RN), Palmas (TO), Vitória da Conquista (BA), São José dos Campos (SP), Uberaba (MG), Vitória (ES), além do aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), cidade em que permanecerá operando apenas no aeroporto de Confins. A companhia devolverá os turboélices Fokker 50 (54 assentos), os quais eram ideais para mercados importantes do interior do país, já que esses mercados não geram tráfego para aviões com mais de 100 assentos. Além disso, a companhia reduzirá sua frota de Fokker 100 (108 assentos) de 16 para 10 aviões.


Por tudo isso, abre-se um mercado em potencial para as companhias aéreas regionais, entre as quais, as principais são: Trip (a maior regional do país), Passaredo e Air Minas. São companhias que operam com aviões turboélices, de 30 assentos (EMB 120 Brasília, da Embraer) a 45 ou 68 assentos, como os ATR-42 (do consórcio europeu EADS) ou ATR-72. Tanto a Passaredo quanto a Air Minas operam, por enquanto, somente com os Brasília, já a Trip opera com os ATR e um Brasília. São aeronaves ideais para operar em importantes cidades do interior, mas cujo tráfego de passageiros não justifica, por exemplo, o emprego de jatos do porte daqueles operados pelas aéreas Tam e Gol. Os turboélices são mais econômicos do que os jatos em vôos de curta distância, portanto, são mais eficientes para ligar as capitais a importantes cidades do interior, onde na maioria das vezes, as distâncias são mais curtas e, aliado ao fluxo menor de passageiros, não justifica o uso de jatos operados pelas aéreas maiores.


De acordo com a Abetar (Associação Brasileira de Empresas de Transportes Aéreos Regionais), o Brasil possuía, entre a década de 1950 e 1960, cerca de 400 municípios atendidos por aviões, hoje tem apenas 150 cidades recebendo vôos comerciais. Portanto, há uma demanda muito forte para as empresas aéreas regionais, um mercado em crescimento, principalmente agora, com Gol, Tam e OceanAir deixando de operar em importantes centros regionais. As empresas regionais acabam operando como alimentadoras de vôos nos grandes centros, chegando a ter acordos comerciais com as companhias maiores, como o acordo da Passaredo com a Tam, através do qual, existe uma operação conjunta de vôos em cidades onde as duas operam.


Segundo o diretor-presidente da Air Minas, Urubatan Helou, a empresa comprará seis aviões Brasília da OceanAir, aumentando assim sua frota para 12 aeronaves. A Air Minas pertence ao grupo Braspress e opera nas cidades de Belo Horizonte (Pampulha), Governador Valadares, Ipatinga, Uberaba e Uberlândia. A respeito da perspectiva da empresa, o diretor-presidente afirmou ainda que existe um potencial muito grande, pois o estado mineiro tem uma malha rodoviária péssima, com rodovias federais precárias, além de ser um estado densamente povoado, com o interior distante da capital, fazendo com que o transporte aéreo seja fundamental para ligar a capital com várias cidades economicamente importantes, de forma segura e ágil. Mas esse potencial só será aproveitado se houver a melhoria das condições de aeronavegabilidade nos aeroportos do interior, lembra Helou.


Sabendo da importância da aviação regional para agilizar o tráfego de pessoas e encomendas entre a capital e diversas regiões prósperas do estado, o governo mineiro informa que está investindo na ampliação, modernização e revitalização dos 151 aeroportos públicos de Minas Gerais. O Programa Aeroportuário de Minas Gerais, o Proaero, é um dos subprogramas do projeto estruturador “Inserção Competiviva das Empresas no Mercado Internacional”. Até 2010, estão previstos investimentos de R$ 240 milhões, a serem aplicados na construção, recuperação e manutenção de aeroportos. Estão programadas obras em 25 aeroportos, entre eles, os de Ubá, Itabira, Barão de Cocais e Ponte Nova. A meta do governo de Minas é revitalizar os 151 aeroportos e construir mais 12 até 2010. Com a conclusão do programa, a rede aeroportuária estadual terá 163 aeroportos, dos quais 35 pavimentados com operação diurna, 72 pavimentados com operação noturna e 56 não pavimentados com operação diurna.


Durante a cerimônia na qual a Trip firmou um protocolo de intenções com o governo de Minas Gerais para reforçar as suas operações no Estado, após a incorporação da Total Linhas Aéreas, o governador de Minas afirmou: “Algumas das novas rotas propostas atendem às regiões de Minas que estamos buscando desenvolver com um esforço mais coordenado, como o Norte do Estado, os vales do Jequitinhonha e Mucuri, além de outras que já crescem com vigor muito grande como o Sul de Minas, o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba”. O protocolo prevê a inclusão de mais oito cidades mineiras nas rotas da Trip. Até 2009, a empresa terá vôos para Almenara, Nanuque, Paracatu, Pirapora, Varginha, Poços de Caldas, Manhuaçu e Juiz de Fora. Hoje, a companhia voa, dentro do Estado, para Belo Horizonte, Montes Claros, Diamantina, Governador Valadares, Ipatinga, Araxá, São João Del Rei, Patos de Minas, Uberaba e Uberlândia.

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