O chamado EBITDA, sigla em inglês para Earning Before Interest, Taxes, Depreciation/Depletion and Amortization, o que significa lucro antes dos juros, impostos (sobre lucros), depreciações/exaustões e amortizações, revela a genuína capacidade operacional de geração de caixa de uma empresa, conforme Assaf Neto (2006, p.226).
O EBITDA é obtido a partir do Lucro Operacional Próprio (Lucro Bruto menos as despesas operacionais, como despesas com vendas e administrativas) somado às despesas de depreciações (e outras de mesma natureza, que não exigem desembolsos). Em outras palavras, o EBITDA indica o resultado operacional antes do imposto de renda e das despesas que não representam movimentações efetivas de caixa. É importante destacar que a classificação realizada pela Legislação Societária brasileira não é correta, pois inclui as despesas financeiras como operacionais. Somente após proceder a esse ajuste das despesas operacionais, chega-se ao lucro operacional próprio, ou seja, o resultado proveniente das atividades da empresa, independente de como seus ativos estejam financiados.
Desse modo, o EBITDA evidencia a eficiência financeira definida pelas estratégias operacionais adotadas pela empresa. Quanto maior seu valor, mais eficiente será a formação de caixa proveniente das atividades de natureza estritamente operacional, demonstrando assim, melhor capacidade de investimentos e de pagamento aos proprietários de capital. Como esse indicador financeiro reflete o potencial de caixa das empresas sem a interferência de práticas e normas legais adotadas de maneira peculiar pelos diversos países, ele tem a vantagem de poder ser usado para comparar globalmente as empresas.
A partir das demonstrações financeiras padronizadas e disponíveis em www.bovespa.com.br, foi calculado o EBITDA da GOL e da TAM, para o período 2003-
Tabela 1 - EBITDA: GOL x TAM (Em R$ mil)
| 2003 | 2004 | Var.% | 2005 | Var.% | 2006 | Var.% | Ac.% |
GOL | 246.053 | 400.778 | 62,88 | 546.668 | 36,40 | 667.194 | 22,05 | 171,16 |
TAM | 129.472 | 386.145 | 198,25 | 512.264 | 32,66 | 1.098.436 | 114,43 | 748,40 |
Observa-se, pela tabela 1, que o EBITDA da GOL sempre foi maior do que o da TAM até 2005. Em 2006, porém, o da TAM deu um salto significativo, chegando a mais de um bilhão de reais, enquanto o da GOL ficou em mais de 600 milhões de reais. Isso pode ser explicado, em parte, pelo fato de que, em 2006, embora a GOL tenha apresentado um crescimento de 42,45% na sua receita líquida e a TAM apenas 30,02%, os custos de serviços da GOL subiram 47,64%, enquanto os da TAM subiram apenas 24,59%. Com relação às despesas operacionais, ainda em 2006, observa-se também uma melhora significativa para a TAM, uma vez que essas despesas aumentaram apenas 13,50% , enquanto que na GOL, elas cresceram 49,12%.
É interessante também analisar a evolução da participação dos custos e
Tabela 2 - Custos de serviços sobre a receita líquida (Em %)
| 2004 | Var.% | 2005 | Var.% | 2006 | Var.% | Acum.% | |
GOL | 64,62 | 60,16 | -6,91 | 65,40 | 8,71 | 67,78 | 3,64 | 4,89 |
TAM | 73,88 | 66,59 | -9,87 | 67,22 | 0,94 | 64,41 | -4,18 | -12,82 |
Pela tabela 2, pode-se observar o chamado “efeito GOL”, ou seja, a empresa estabeleceu novos parâmetros de custos a partir do seu modelo low cost, low fare , acirrando assim a competição e fazendo com que a TAM baixasse seus custos ao longo dos anos, tanto que, no acumulado, houve uma diminuição de 12,82% da participação dos custos na receita líquida.
| 2003 | 2004 | Var.% | 2005 | Var.% | 2006 | Var.% | Acum.% |
GOL | 18,85 | 17,00 | -9,80 | 15,48 | -8,97 | 16,20 | 4,69 | -14,04 |
TAM | 26,83 | 26,89 | 0,23 | 25,23 | -6,19 | 22,02 | -12,70 | -17,92 |
REFERÊNCIAS:
ASSAF NETO, Alexandre. Contribuição ao estudo da avaliação de empresas no Brasil: uma aplicação prática. 2003. 202 p. Tese (Livre-docência). Ribeirão Preto: FEA-RP/USP, 2003.
______. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
BOVESPA. Informações por Empresa. Disponível em:<http://www.bovespa.com.br>. Acesso em: 16 nov. 2007.
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