17 de novembro de 2007

EBITDA: GOL x TAM

O chamado EBITDA, sigla em inglês para Earning Before Interest, Taxes, Depreciation/Depletion and Amortization, o que significa lucro antes dos juros, impostos (sobre lucros), depreciações/exaustões e amortizações, revela a genuína capacidade operacional de geração de caixa de uma empresa, conforme Assaf Neto (2006, p.226).

O EBITDA é obtido a partir do Lucro Operacional Próprio (Lucro Bruto menos as despesas operacionais, como despesas com vendas e administrativas) somado às despesas de depreciações (e outras de mesma natureza, que não exigem desembolsos). Em outras palavras, o EBITDA indica o resultado operacional antes do imposto de renda e das despesas que não representam movimentações efetivas de caixa. É importante destacar que a classificação realizada pela Legislação Societária brasileira não é correta, pois inclui as despesas financeiras como operacionais. Somente após proceder a esse ajuste das despesas operacionais, chega-se ao lucro operacional próprio, ou seja, o resultado proveniente das atividades da empresa, independente de como seus ativos estejam financiados.

Desse modo, o EBITDA evidencia a eficiência financeira definida pelas estratégias operacionais adotadas pela empresa. Quanto maior seu valor, mais eficiente será a formação de caixa proveniente das atividades de natureza estritamente operacional, demonstrando assim, melhor capacidade de investimentos e de pagamento aos proprietários de capital. Como esse indicador financeiro reflete o potencial de caixa das empresas sem a interferência de práticas e normas legais adotadas de maneira peculiar pelos diversos países, ele tem a vantagem de poder ser usado para comparar globalmente as empresas.

A partir das demonstrações financeiras padronizadas e disponíveis em www.bovespa.com.br, foi calculado o EBITDA da GOL e da TAM, para o período 2003-2006. A tabela 1, a seguir, mostra a evolução do EBITDA nominal, em milhares de reais, da GOL e da TAM para os anos de 2003 a 2006.

Tabela 1 - EBITDA: GOL x TAM (Em R$ mil)


2003

2004

Var.%

2005

Var.%

2006

Var.%

Ac.%

GOL

246.053

400.778

62,88

546.668

36,40

667.194

22,05

171,16

TAM

129.472

386.145

198,25

512.264

32,66

1.098.436

114,43

748,40


Observa-se, pela tabela 1, que o EBITDA da GOL sempre foi maior do que o da TAM até 2005. Em 2006, porém, o da TAM deu um salto significativo, chegando a mais de um bilhão de reais, enquanto o da GOL ficou em mais de 600 milhões de reais. Isso pode ser explicado, em parte, pelo fato de que, em 2006, embora a GOL tenha apresentado um crescimento de 42,45% na sua receita líquida e a TAM apenas 30,02%, os custos de serviços da GOL subiram 47,64%, enquanto os da TAM subiram apenas 24,59%. Com relação às despesas operacionais, ainda em 2006, observa-se também uma melhora significativa para a TAM, uma vez que essas despesas aumentaram apenas 13,50% , enquanto que na GOL, elas cresceram 49,12%.

É interessante também analisar a evolução da participação dos custos e despesas na receita líquida de cada empresa, conforme as tabelas 2 e 3 a seguir.


Tabela 2 - Custos de serviços sobre a receita líquida (Em %)


2003

2004

Var.%

2005

Var.%

2006

Var.%

Acum.%

GOL

64,62

60,16

-6,91

65,40

8,71

67,78

3,64

4,89

TAM

73,88

66,59

-9,87

67,22

0,94

64,41

-4,18

-12,82



Pela tabela 2, pode-se observar o chamado “efeito GOL”, ou seja, a empresa estabeleceu novos parâmetros de custos a partir do seu modelo low cost, low fare , acirrando assim a competição e fazendo com que a TAM baixasse seus custos ao longo dos anos, tanto que, no acumulado, houve uma diminuição de 12,82% da participação dos custos na receita líquida.



Tabela 3 - Despesas operacionais sobre a receita líquida (Em %)


2003

2004

Var.%

2005

Var.%

2006

Var.%

Acum.%

GOL

18,85

17,00

-9,80

15,48

-8,97

16,20

4,69

-14,04

TAM

26,83

26,89

0,23

25,23

-6,19

22,02

-12,70

-17,92


A tabela 3 demonstra que a GOL continua imbatível na estrutura operacional, apresentando baixas despesas operacionais (gerais, administrativas e vendas) com relação ao total da receita líquida. Por essa última tabela, o “efeito GOL” também fica evidente, forçando a TAM a diminuir suas despesas operacionais no período analisado de tal forma que no acumulado, houve uma diminuição de 17,92%.


REFERÊNCIAS:

ASSAF NETO, Alexandre. Contribuição ao estudo da avaliação de empresas no Brasil: uma aplicação prática. 2003. 202 p. Tese (Livre-docência). Ribeirão Preto: FEA-RP/USP, 2003.

______. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

BOVESPA. Informações por Empresa. Disponível em:<http://www.bovespa.com.br>. Acesso em: 16 nov. 2007.





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