3 de dezembro de 2007

Governo pretende aumentar tarifas em aeroportos de São Paulo

O governo pretende resolver a crise do setor aéreo nos aeroportos de São Paulo com um drástico aumento de tarifas aeroportuárias. Um documento elaborado pela secretária de Aviação Civil, Solange Vieira, ao qual o Estado teve acesso, prevê aumentos de 100% nas taxas de embarque pagas pelos passageiros e de até 1.200%, nas tarifas pagas pelas empresas.


Esse reajuste poderá levar a um aumento de pelo menos R$ 40 para o passageiro, considerando um bilhete doméstico de ida e volta. O reajuste de tarifas em Congonhas e Guarulhos faz parte de um pacote que será apresentado nesta semana pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para conter a procura, o governo já havia diminuído o uso de pistas em Congonhas e transferido vôos. Agora, a idéia é desencorajar empresas e passageiros e obrigá-los a buscar alternativas.



O governo pretende transferir o fluxo de aeronaves para Viracopos, em Campinas, e outros aeroportos - que na comparação ficariam mais baratos. Se as medidas forem de fato implementadas, a taxa de embarque paga pelo passageiro de Congonhas passará dos atuais R$ 19,62 por trecho para R$ 39,24 - aumento de 100%. Somam-se a isso os repasses que as companhias poderão fazer com o aumento das tarifas pelo uso dos aeroportos.



Pelos planos do governo, as tarifas de pouso em Congonhas passariam de R$ 1,67 por tonelada para R$ 10,02 a tonelada, aumento de 500%. Com esse acréscimo, Gol, Varig e outras companhias que utilizam um Boeing 737, pagariam R$ 871,74 de tarifa para pousar em Congonhas, ante os R$ 145,29 atuais. Dividindo-se esse valor pelo número de passageiros, chega-se a um aumento de R$ 6,7 por passageiro (considerando uma ocupação de 70%). No caso do A320, usado pela TAM, a tarifa de pouso sobe de R$ 187,87 para R$ 1.127,25. O custo extra por passageiro, considerando a mesma taxa de ocupação, é de R$ 8,26.



Estão previstos ainda aumentos pelo uso do pátio de manobras em Congonhas. A idéia agora é dobrar o valor da tarifa a cada 30 minutos. Segundo o documento, a medida ajudaria a "estimular a eficiência em solo".
Fonte:
estadao.com.br


Esse plano para tentar solucionar a crise do setor aéreo brasileiro só demonstra a completa falta de preparo técnico da equipe que comanda o setor, afinal, trata-se de pessoas escolhidas meramente por critérios políticos. É uma solução ridícula, enternecedora mesmo: destruir a oferta para readequá-la à reduzida infra-estrutura aeroportuária instalada.



O plano tem por objetivo principal desencorajar companhias aéreas e passageiros a usarem os aeroportos paulistanos, obrigando-os a buscar alternativas distantes a 100, 200 ou 300 km da cidade. O despreparado ministro e seus incompetentes assessores não percebem que quem escolheu São Paulo foi o público, não as empresas aéreas, ou seja, é a força da economia de São Paulo que gera tráfego. Essa súcia comandada por Jobim deveria ter planejado o início imediato da construção da terceira pista e do terceiro terminal de Guarulhos, sem falar na construção de um novo aeroporto para a capital paulista, obras essenciais, que já deveriam fazer parte de um planejamento sério para o setor, o qual há tempos vinha demonstrando sinais de superlotação nos aeroportos paulistanos. Mas nos últimos anos, só se viu mesmo a construção superfaturada de
aeroshoppings, esquecendo-se da ampliação e construção de novas pistas, pátios e terminais.


Agora, em mais uma ação obtusa de Nelson Jobim, pretende-se, de vez, privar a capital econômica do país do direito de poder usufruir da comodidade do transporte aéreo. Se essas medidas forem implementadas, entrará em funcionamento "o efeito Jobim": os preços das passagens subirão, levando a uma diminuição no número de passageiros e, conseqüentemente,
aviões voarão vazios, vôos serão extintos, ou seja, um verdadeiro ciclo vicioso. Mais uma vez, serão os passageiros e as companhias aéreas que pagarão a conta.


Assim, o governo está conseguindo abortar a decolagem de um setor que finalmente vinha conseguindo uma democratização econômica nunca antes vista. Por hora, só nos resta torcer para que a medida não seja aprovada e que Jobim e seu bando de neófitos deixem o Ministério da Defesa o mais breve possível.

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