10 de setembro de 2008

Para Jobim, privatização de Viracopos e Galeão não prejudicará Infraero. Será?



O ministro da Defesa, Nelson Jobim, garantiu nesta segunda-feira, que a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) não será prejudicada pela concessão para a iniciativa privada de dois dos 67 aeroportos públicos hoje administrados pela estatal.

Segundo o ministro, o governo já tomou a decisão política de privatizar os aeroportos internacionais de Viracopos, em Campinas, São Paulo, e Tom Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro. Para ele, a perda de receitas da Infraero será sanada com uma “reorganização interna” da estatal.

- A decisão política já está tomada. Agora é só uma questão técnica - afirmou Jobim. - O BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] vai fazer o estudo e então será decidida a concessão dos dois aeroportos, além da concessão para a construção do novo aeroporto de São Paulo”.

Na semana passada, Jobim já havia explicado que é necessário desafogar o tráfego aéreo nos dois principais aeroportos paulistas, Guarulhos e Congonhas, além de garantir a infra-estrutura do Galeão, já que o Brasil sediará a Copa do Mundo de 2014 e o Rio é candidato a sediar as Olimpíadas de 2016. Para o ministro, a administração privada irá proporcionar maior agilidade na realização das obras necessárias.

- Precisamos de agilidade e o problema não é com a Infraero, mas sim do sistema público, com [a necessidade] de licitações e uma série de demandas - afirmou Jobim.

Em junho deste ano, o presidente da Infraero, Sergio Gaudenzi, disse que a transferência do Galeão para o governo do Rio de Janeiro, conforme propõe o governador Sérgio Cabral, ou para a iniciativa privada desequilibraria as contas da estatal.

Na ocasião, Gaudenzi afirmou que é das receitas obtidas com os 12 aeroportos lucrativos - entre os quais o Galeão ocupa lugar de destaque - que a Infraero retira parte importante dos recursos utilizados para pagar suas contas e manter os investimentos em outros 55 terminais que dão prejuízos à estatal.

- Como é que eu faço com os aeroportos [deficitários] na hora em que eu entregar [os lucrativos]? - questionou Gaudenzi. - Os recursos vão ter que sair do Orçamento da União. Ou seja, todo cidadão vai pagar [pela manutenção e melhoria da infra-estrutura aeroportuária], mesmo quem não viaja de avião.

Além de 67 aeroportos, a Infraero também administra 80 unidades de apoio à navegação aérea e 32 terminais de logística de carga. Entre os aeroportos estão alguns que, segundo a própria estatal, sequer recebem vôos comerciais regulares, mas que tem um importante papel por contribuir para a presença e a soberania nacional em áreas longínquas. Juntos, os aeroportos da estatal concentram cerca de 97% do movimento do transporte aéreo regular do país.

Fonte: JB Online


O ministro Jobim só falou uma coisa verdadeira, ou seja, a decisão política do governo de privatizar Viracopos e Galeão. E a parte técnica? Bem, deixa pra depois... O mais importante, que seria a parte técnica para então decidir por uma questão tão complexa, é relegada a segundo plano, o que importa é o jogo da política, ou melhor, é ceder à pressão do governador "falastrão" Sérgio Cabral, no caso do Galeão (em troca do quê?) e tirar logo das mãos da Infraero um dos aeroportos com maior potencial de crescimento e de arrecadação de receita, no caso de Viracopos, porém, com a necessidade de obras importantíssimas e caras as quais o governo não pode bancar e passar por mais desgaste pelos superfaturamentos de obras. Somente na cabeça de Jobim, esse neófito em aviação, a retirada de Galeão e Viracopos da rede Infraero não afetará financeiramente a estatal.

2 comentários:

Casamento de Clarice & Marcelo disse...

Neófito foi boa!

Paulo, com relação ao ministro Jobim. Esse caboclo não entende de música, muito menos de transporte aéreo!

Mas me diga uma coisa. Porque o governo encarnou com Galeão e Viracopos? Porque, não falam de outros aeroportos, que tem menos importância estratégica para o Brasil (Infraero)?

Galeão é vital. Viracopos é muito mal aproveitado. Cade o prefeito de Campinas, que vivia falando do aeroporto???

Paulo, agora com relação à DAESP. O que você acha mais correto. Privatizar, não privatizar ou privatização parcial (somente deficitários)?

Paulo de Andrade disse...

Na verdade,Marcelo, o Governo Federal não tem recursos suficientes para obras tão grandes como melhorias no Galeão, e principalmente, em Viracopos (que precisa urgente de outra pista, ampliação do saguão de passageiros, entre outras melhorias) ou até mesmo, pode ser que tenha sim, mas tem outras prioridades para os imensos recursos que entram no Tesouro Federal (rsrsrsrs).

As receitas geradas com os aeroportos superavitários são usadas para mantê-los e ainda, manter os deficitários. De qualquer maneira, é dessa forma que a Infraero consegue equilibrar as contas entre aqueles dois grupos de aeroportos.

No caso do Galeão, temos também a pressão por parte do governador falastrão, Sérgio Cabral, que já chegou a comparar o Galeão a uma " rodoviária de 5ª categoria". E nessa onda, até o governador do Espírito Santo já começou a se manifestar a favor da privatização do aeroporto de Vitória, assim, pelo visto, a moda Cabral pegou, pois no Rio Grande do Sul também já começa um movimento por parte da governo, de privatizar o Salgado Filho (Porto Alegre).

Com relação ao DAESP, eu acho mais correto privatizar, em regime de concessão, a exemplo de rodovias, e por blocos, ou seja, cada bloco conterá um aeroporto superavitário, a exemplo dos blocos criados na ocasião da privatização das companhias telefônicas.

Os aeroportos do DAESP, se passados para a iniciativa privada, terão condições de serem bem mais produtivos, com uso intensivo de tecnologias para melhorar a gestão, a infra-estrutura e o conforto para os passageiros. Por exemplo,o aeroporto de Presidente Prudente é superavitário. No ano passado, fui de Prudente para Guarulhos, na BRA, e tem uma infra-estrutura que está muito aquém das necessidades daquela rica região oeste de São Paulo, é um absurdo.O saguão é muito pequeno, na hora do embarque fica um tumulto, todos espremidos. Agora, que a BRA parou de voar, a Gol entrou em Prudente e novamente o movimento no aeroporto voltou a subir expressivamente.