22 de julho de 2008

Construção de aeroporto privado em São Paulo é discutida pelo governo

O início das discussões do governo federal com a iniciativa privada para a construção, na região metropolitana de São Paulo, de um aeroporto para vôos internacionais demonstra a incapacidade do governo em fazer investimentos vultosos para a construção e até mesmo ampliação de aeroportos.

Uma vez estabelecidas regras bem definidas, e que não mudem no meio do caminho por interesses meramente político-ideológicos, é válida sim a idéia de atrair investimentos privados para o setor de infra-estrutura aeroportuária. Por exigir investimentos vultosos e de retorno no longo prazo, é necessário um marco regulatório eficiente. Desse modo, é urgente a criação de um ambiente propício para o investimento privado nesse setor, haja vista o crescimento do tráfego aéreo nacional e internacional nos últimos anos, principalmente na região metropolitana de São Paulo. Para tanto, o volume de investimentos é alto, e o governo não tem condições de arcar com tudo sozinho.


A situação é crítica, pois durante a Copa do Mundo no Brasil, daqui acerca de seis anos, o país deve receber mais de meio milhão de turistas durante a competição. Somado a isso, os torcedores devem viajar de seis a oito vezes para acompanhar as partidas., conforme declarou, na segunda-feira (21), o vice-presidente executivo da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), Adalberto Febeliano.


Ainda conforme o representante da Abag: "Precisamos começar a modernizar nossos aeroportos e construir novos, senão, quando chegar a Copa não haverá tempo hábil para atender esse fluxo de passageiros". Ele lembrou que o processo de construção e de modernização demorará cerca de seis anos.

Abaixo, segue notícia publicada pelo jornal Gazeta Mercantil:

Governo discute construção de aeroporto privado em SP
GAZETA MERCANTIL SP (SP) • NACIONAL • 22/7/2008 • PASTA ECONOMIA / POLÍTICA BR
O governo federal mantém discussões internas com um grupo privado interessado na construção de um aeroporto para vôos internacionais na região metropolitana de São Paulo. De acordo com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, as conversas vão "muito bem". Segundo ele, "a decisão deve vir logo, insistirei para que saia rapidamente".

Para o ministro, este novo projeto deve compensar o atraso nas obras de expansão do aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP). "São Paulo pode ter um outro aeroporto e Congonhas deveria ser utilizado para voos regionais", afirmou o ministro durante encontro com o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACS), Alencar Burti, e representantes do setor do comércio para apresentar as medidas da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP).

A combinação de real sobrevalorizado, elevações nas taxas de juros e as pressões inflacionárias não representam um obstáculo para os investimentos, na opinião do ministro. Para ele, o País atravessa um período passageiro que é consequência do aumento de preços dos alimentos e do petróleo. Apesar deste quadro, grandes investimentos estão sendo anunciados no Brasil. "Os empresários brasileiros criaram um casca bastante grossa em relação a percalços econômicos", declarou.

A inflação permanece como uma preocupação do governo e terá o envolvimento direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na adoção de medidas que impeçam o seu retorno." Todos os ministros tem de estar preocupados com isto e ele (Lula) pessoalmente vai atuar fortemente para que não tenhamos o retorno da inflação"

O ministro afirmou que não tem receio do retorno da inflação. "Os investidores não temem também porque há importantes anúncios de investimentos sendo feitos no País dentro desta perspectiva de que a inflação fique próximo da meta superior", afirmou. O ministro acredita que deverá haver uma nova elevação na taxa de juros para conter os repiques inflacionários. "Avalio como absolutamente necessário. Entre ter (alta de) juro e inflação , eu prefiro o juro. Mesmo depois de dois aumentos da taxa de juros, os investimentos continuam vindo fortes", declarou.

Segundo ele, a própria Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) reconhece que é necessário tomar medidas para que a inflação não volte. De acordo com Miguel Jorge, esta posição foi expressa pelo diretor da entidade, Paulo Francini, que declarou recentemente que é melhor, nesta fase, ter um juro maior do que uma aceleração inflacionária.

Para Miguel Jorge, as estimativas do relatório Focus, divulgado ontem, que aponta inflação no ano acima do teto da meta, devem ser avaliadas "com muito cuidado". Para o ministro, "até agora os analistas erraram sistematicamente em todas as avaliações que fizeram da economia brasileira. Eu prefiro esperar até o fim do ano para depois comparar o que os analistas previram com o que realmente acontecer."O superávit comercial não deve ser uma preocupação, na avaliação de Miguel Jorge. O importante é haver um "equilíbrio".

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Jaime Soares de Assis)

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