15 de agosto de 2010

TAM e LAN anunciam fusão


  A brasileira TAM e a chilena LAN, anunciaram, no último dia 13, um acordo que criará uma gigante aérea da América Latina, com um faturamento total de US$ 9,2 bilhões. As duas empresas, conjuntamente, voam para 115 destinos em 23 países, somando 40 mil funcionários.
As duas empresas assinaram um memorando prevendo a fusão dos grupos sob nova holding batizada de Latam Airlines Group. A participação acionária da Latam não foi divulgada. Porém, conforme alguns jornais de grande circulação apuraram, a LAN ficará com 70,6% da Latam, e a TAM com 29,3%. Apesar da TAM ser maior do que a LAN em receita, a chilena possui mais ações em circulação e um valor de mercado maior. Mas, os acionistas controladores da TAM, a família Amaro, por meio da TEP (TAM Empreendimentos e Participações), manterão o controle da aérea TAM, com 80% do capital votante e mais uma participação não divulgada na LAN. Já a família Cueto, controladora da LAN, manterá o controle da LAN, além de deter 20% da TAM. Atualmente, a legislação brasileira permite uma participação estrangeira de no máximo 20% nas empresas aéreas brasileiras. O Congresso deve votar, ainda neste ano, a ampliação do limite para 49%.
 Por meio de um comunicado, as companhias informaram que será criado “um modelo de governança único que gerenciará todas as decisões estratégicas relacionadas à coordenação e alinhamento de atividades das holdings do grupo Latam”.
Maurício Rolim Amaro, atual vice-presidente do Conselho de Administração da TAM, será o presidente do Conselho da Latam. Enrique Cueto, atual CEO da LAN, será o CEO da Latam. A intenção é manter as bandeiras TAM e LAN separadamente. A expectativa é que a fusão das operações tragam uma economia de US$ 400 milhões.
Faturamento das aéreas. Vendas no 1º semestre de cada ano, em US$ bilhão:
Companhia
País
Receita 2009
Receita 2010
Variação %
Ual Corp.
EUA
7,709
9,402
21,96
Southwest
EUA
4,972
5,798
16,61
Tam
Brasil
2,529
2,894
14,43
Gol
Brasil
1,484
1,843
24,19
Lan
Chile
1,604
1,607
0,19
Fonte:Economática
 Conforme a tabela acima, percebe-se que a Gol foi a que apresentou o maior crescimento da receita no primeiro semestre de 2010 quando comparado ao mesmo período de 2009, ou seja, um crescimento de 24,19%. Observa-se também, a partir da referida tabela, que TAM e LAN possuem juntas uma receita de US$ 4,5 bilhões, no primeiro semestre de 2010. Isso demonstra a importância desse novo grupo na América Latina e no mundo. Ou seja, 2,44 vezes a receita da Gol, no mesmo período.
A LAN, fundada em 1929, possui 97 aeronaves e um faturamento, em 2009, de US$ 3,519 bilhões. Já a TAM, fundada em 1961, possui 143 aeronaves, e um faturamento, em 2009, de US$ 5,685 bilhões, ou seja, juntas, seria um faturamento de US$ 9,2 bilhões.
Assim, pode-se verificar que essa fusão visa conter o avanço da Gol na América do Sul, uma vez que a Gol está recebendo muitos aviões e expandindo suas operações para Lima, Santiago, Buenos Aires, ou seja, incomodando muito a Lan. Essa operação também cria um gigante na área de cargas, já que a Lan é muito forte nesse segmento. A companhia chilena possui 20% da empresa de cargas Absa, sediada no Brasil, ou seja, possui uma influência significativa sobre a investida brasileira.
A TAM fechará o capital e irá fazer uma oferta pública para os acionistas minoritários trocarem suas ações pelos papéis da nova empresa, que será chamada LATAM Airlines. Esses papéis serão negociados na BM&FBovespa sob a forma de BDR (Brazilian Depositary Receipts), observada a seguinte relação de troca: cada ação da TAM corresponderá a 0,90 ação/BDR da LAN. Conforme melhor explicado pelo fato relevante divulgado pela TAM, cada ação preferencial sem direito a voto e cada ação ordinária com direito a voto de emissão da TAM, equivalerá a 0,90 de ação ordinária com direito a voto de emissão da LAN, em forma de BDRs. Destaca-se que a relação de troca das ações da TAM por ações em forma de BDRs da LAN, será igual para o Acionista Controlador TAM e para os outros acionistas que não fazem parte do grupo de controle, de forma a garantir o tratamento igualitário dos acionistas.
Especula-se, no mercado, que a Gol estaria estudando uma fusão com a Copa Airlines ou com a Avianca. Porém, a mesma já se pronunciou, na imprensa, que não pretende vender parte da companhia, mas aumentar os negócios na Bolsa, conforme informado pelo vice-presidente de Planejamento Estratégico e Finanças da Gol, Leonardo Pereira.
Vamos aguardar as repercussões desse mais novo movimento estratégico das peças do xadrez da aviação latino-americana.

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